Mulheres que fizeram diferença na sociedade
“O fracasso é impossível”.
(Susan B. Anthony)
“Minha mensagem ao mundo é que nós devemos nos unir e viver como um só.”
(Rosa Parks)
Desde terça-feira eu estava aqui pensando sobre o que eu poderia escrever no blog sobre o Dia Internacional da Mulher. Acredito que nós mulheres devemos cultivar nosso valor, não ser escravas de moda, estilos particulares que não combinam conosco, relacionamentos que nos prendem ao invés de libertarem, tipos físicos inalcançáveis… O tempo todo a sociedade a nossa volta celebra o niilismo e o hedonismo, a beleza mainstream e a burrice tendo como inimigas a inteligência, o caráter e a verdadeira felicidade que vem de ser o que somos. Longe de soluções facéis, ser mulher demanda muita coragem. Por isso vou relembrar aqui mulheres que admiro, como Madame Staël, Angela Davis, Simone de Beauvoir e Susan B. Anthony. A intenção é que possamos, independente do gênero, refletir sobre nossa função no mundo e o quanto nossas ações podem depender dessas reflexões.
Madame Staël (Paris, 22/04/1766 – 14/07/1817)
Anne Louise Germaine Staël era uma mulher de fibra, assumiu uma posição crítica diante dos desmandos absolutistas de Napoleão. Com isso pagou um alto preço, saiu da França e teve que refugiar-se em vários países europeus por causa da perseguição de Napoleão Bonaparte. A personalidade de Madame Staël guardava várias facetas, ativista social, feminista é reconhecida como primeira filósofa política. Na política foi educada como liberal mas preferiu seguir as idéias de Montesquieu. Horrorizada com com o terror e as perseguições, não permitiu que as idéias do Iluminismo fossem apagadas. Para ela, no dia em que os franceses separassem a religião e a política, passariam a ser religiosos mais sinceros. O Clero não gostou nada da idéia pois perderia seu poder e privilégios. Madame Staël acreditava que os adversários da liberdade são os inimigos do conhecimento e das idéias. Em seu livro “De la littérature considérée dans ses rapports avec les institutions” ela aborda a literatura e o pensamento filosófico através de diversos tipos de sociedades, governos e religiões. Também defende o teatro como parte da educação do povo. As idéias sobre o feminismo estão principalmente nos livros Corinne e Delphine. Em Corinne, a personagem Corina adentra um campo primordialmente masculino, o da cultura. Em uma viagem com um nobre escocês, ele é obrigado a admitir a superioridade intelectual de Corina, não porque seu preconceito contra uma mulher inteligente tivesse acabado, mas porque ele a amava. O que torna o homem aparentemente fraco diante da sociedade, assumir que uma mulher possa ser mais capaz. É um livro conhecido por suas idéias filosóficas, históricas, políticas, sociais e artísticas. Em Delphine, uma mulher que conhece de perto os sofrimentos humanos, argumenta que a Revolução Francesa causou um retrocesso nas condições das mulheres sob os aspectos políticos, jurídicos e sociais. Denuncia o sofrimento a que são subjugadas essas mulheres, subordinadas na família e na sociedade, mesmo nos padrões econômicos mais elevados da sociedade. Sobre a felicidade ela afirma que o sábio deve contentar-se com aquilo que não dependa senão dele mesmo, deve encontrar serenidade na reflexão, no estudo e no progresso intelectual.
Angela Davis (Birminghan, 26/01/1944)
A ativista política foi uma das mulheres mais fortes a integrar o movimento Panteras Negras, majoritariamente masculino. Integrante também do Partido Comunista e defensora dos direitos das mulheres e atuante contra discriminação racial e social nos Estados Unidos. Ela e outra mulher (Rosa parks) foram estopim de mudanças profundas nos E.U.A. em relação às políticas raciais do país. Em 1970 integrou a lista de fugitivos mais procurados pelo FBI acusada de diversos crimes. Foi homenageada por sua luta pelos direitos humanos, inclusive em músicas de John Lennon e Yoko Ono e dos Rolling Stones. Atualmente é professora do Departamento de História da Universidade da Califórnia. É filósofa e possui diversos livros publicados, com temas como o legado do Blues e feminismo negro, resistência quanto a opressão racial, entre outros.
Simone de Beauvoir (Paris, 09/01/1908 – 14/04/1986)
Filósofa existencialista e feminista, todos seus escritos foram um grande esforço para mudanças nas estruturas psíquicas e sociais da existência humana. Teve uma vida cultural e política bastante intensa ao lado do seu marido, Jean Paul Sartre. Também era uma ardorosa defensora da defesa da liberdade de expressão. Simone teve o desafio de se despolarizar intelectualmente de seu marido, uma mente tão inteligente quanto ela. Simone trilhou uma caminho próprio, seu famoso ensaio feminista, “O Segundo Sexo” – 1949, a filósofa através de pesquisas profundas tenta responder o que significa ser uma mulher. Simone também teoriza sobre os diversos papéis da mulher na sociedade, mãe, esposa, fêmea, procriadora, além das instituições como casamento.
Susan B. Anthony (15/02/1820 – 13/03/1906)
Talvez a mulher mais importante do século XIX nos Estados Unidos, Susan junto com Elizabeth Candy Stanton, foi uma defensora dos direitos das mulheres. Tímida, pouco confiante em relação à sua aparência e capacidade, Susan foi uma ativista relutante mas que acabou por minimizar suas inseguranças pessoais em prol dos direitos das mulheres . Antes da Guerra Civil americana assumiu um importante papel na causa anti-escravagista em Nova York. Em 1851, em uma rua em Seneca Falls, conheceu Elizabeth Candy e outras amigas feministas. Elizabeth e Susan atravessaram os Estados Unidos tentando convencer as pessoas e o governo de que deveriam tratar igualmente homens e mulheres. Defendeu a vida inteira o direito ao voto (Sufrágio) feminino e morreu 19 anos antes da Emenda 19 que dá as mulheres americanas o direito ao voto. Direito esse, só aprovado por causa das lutas de Susan B. Anthony e suas companheiras.
A banda The Distillers fez uma homenagem muito bonita para Susan B. Anthony e Elizabeth Candy na música “Seneca Falls”. Deixo a letra e a tradução para apreciação e reflexão de uma das músicas que acho mais bonitas em todo punk rock:
Seneca Falls
Cataratas de Seneca
Ser uma mulher original e fiel a si mesma demanda muita coragem mesmo. As outras mulheres não entendem e os homens se incomodam. Muitas vezes não somos compreendidas no “hoje”, mas somente no futuro.
Eu não conhecia a Madame Staël, obrigada por apresentar-me a ela.
Adoro a Simone de Beauvoir, é impressionante como ela vivia à frente de seu tempo.
É verdade Sana, concordo com seu comentário. A gente fica imaginando o que essas mulheres passaram, o que não é muito diferente de hoje, os tempos são outros mas alguns pensamentos acerca da mulher são bem primitivos. Eu conheci Madame Stäel ano passado e fiquei fascinada pelas suas idéias, descobri que há até um grupo de estudos da Universidade Federal da minha cidade sobre ela.
Selininho sobre livros! Vou adorar ler suas respostas: http://modadesubculturas.blogspot.com/2011/03/selinhos.html
Eu vinha dizer que mandei o selo literário para você também, lá no Diários Anacrônicos^^
Eu também vim aqui dizer que tem um selo pra você no meu blog (a Sana e a Mme Mean já te indicaram, mas to indicando também).
Não deu pra ler o post agora, mas depois volto e comento! 🙂
Beijos
Sana, Mme. Mean e Deze, obrigada pelo selo!
😀